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Arquitetura Corporativa e Inovação: Uma Mudança Cultural

Postado em 10 de out. de 2018 por Antonio Plais

Originalmente postado por Marc Lankhorst*, no blog da BiZZdesign – Tradução autorizada

Ao longo dos séculos, nós temos visto arquitetos e engenheiros liderando a inovação. Os aquedutos engenhosos construídos pelos romanos, a construção do Canal du Midi e da Torre Eiffel, na França, e, mais recentemente, o Viaduto Millau, projetado por Norman Foster, ou edifícios marcantes como o Museu Guggenheim, em Bilbao, projetado por Frank Gehry. Construções que inspiram e ampliam as possibilidades tecnológicas. Ideias que literalmente moldaram a construção e o desenho, e transformaram o seu entorno.

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Pont du Gard, projetado por um arquiteto romano desconhecido

Se nós olhamos a partir desta perspectiva, o papel do arquiteto corporativo e da arquitetura corporativa se torna um pouco desajeitado. Quando foi que você viu um exemplo de arquitetura corporativa notável? Quando você se sentiu inspirado pelos seus arquitetos corporativos ou pelo Departamento de Arquitetura Corporativa? Com muita frequência, os arquitetos corporativos focam na estabilidade, na redução de riscos e na diminuição dos custos. Nós criamos descrições claras da situação atual da nossa organização, como ela opera e como as diferentes áreas da empresa são interconectadas. Algumas vezes, nós até incluímos análises sobre onde as melhorias deveriam ser feitas. Nós praticamente nunca criamos uma imagem visionária da organização, do seu papel, do seu valor, de seus serviços, e sobre como eles poderiam ser realizados.

“A Arquitetura Corporativa é uma visão interna, não é justo compará-la com a ‘arquitetura real'”, você poderia estar questionando. Esta é uma saída muito fácil. Boa parte da disciplina da arquitetura ‘real’ tem a ver com lidar com a estrutura interna dos objetos construídos. Assim como na arquitetura corporativa. Nós deveríamos ligar os aspectos internos da arquitetura corporativa com o impacto externo: como nós podemos adotar facilmente novos serviços, com base nesta arquitetura? Como nós podemos possibilitar padrões de interação completamente novos, crescer em direção a serviços 7/24, ou fortalecer nossos empregados para trabalhar onde quer que eles estejam como se estivessem no escritório?

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Viaduto Garabit, projetado por Gustave Eiffel

Nós, como arquitetos corporativos, devemos isso para a nossa profissão e para nossas partes interessadas, para ampliar as possibilidades das nossas organizações além dos seus limites. Não com um foco em restrições ou limitações, mas para realçar as forças e as oportunidades. Para fazer isso, precisamos traduzir e transferir a essência da organização e de sua estratégia na arquitetura. Conceitos como modelos de negócio, mapas de negócio e modelos de operação são fundamentais. Os arquitetos, nesta era digital, deveriam facilitar a inovação contribuindo para a flexibilidade e a escalabilidade, aprendendo pela prática e pela experimentação.

De uma certa forma, isto requer uma transformação cultural entre os arquitetos corporativos. Muitos arquitetos são extremamente dedicados na descrição do estado atual de sua arquitetura e argumentam que você precisa saber exatamente onde você está antes de decidir para onde você vai. Isto, em si, é uma empreitada bastante segura. Nada pode dar errado se você apenas investiga diligentemente o que a sua empresa é, tem e faz. Mas almejar o futuro é um negócio arriscado: se você cometer um engano, as consequências podem ser desastrosas. Isto pode levar muitos de nós para fora da nossa zona de conforto, mas arquitetos corporativos não deveriam ser apenas bibliotecários corporativos.

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Viaduto Millau, projetado por Norman Foster

Uma segunda transformação cultural que precisamos fazer é nos afastar da clássica abordagem ‘grande desenho antecipado’ em cascata: primeiro criar extensas arquiteturas e desenhos, e só então começar a implementá-las. Em um mundo em rápida mudança, esta abordagem não funciona mais. As partes interessadas não podem esperar até que os arquitetos desenvolvam seus extensos desenhos, elas precisam receber orientação e aconselhamento oportunos, enquanto a arquitetura continua evoluindo na retaguarda. Abordagens Lean e Ágil para a arquitetura corporativa são necessárias para acompanhar o passo em um ambiente volátil.

Isso nos leva a uma terceira mudança cultural: o foco na mudança em si como um fator constante. A maioria das organizações está em um processo de transição permanente. O modelo ‘descongelar-mudar-congelar’, raciocinando a partir de um estado atual fixo para um estado futuro desejado da arquitetura, não se aplica mais à realidade; o estado atual está em fluxo e o estado futuro é um alvo móvel. Nós, arquitetos, deveríamos nos concentrar em habilitar e dar direção a este contínuo processo de inovação, ao invés da construção de desenhos excessivamente detalhados de algum estado futuro desejado que jamais chegará.

Talvez devêssemos investir mais tempo e energia nesta mudança cultural do que em mais um refinamento da nossa arquitetura de processos, da nossa arquitetura de sistemas, ou em nossas capacidades de execução do TOGAF. Não, não talvez. Comece a habilitar a inovação e a transformação na sua organização. Agora!

* Mark Lankhorst é Gerente de Consultoria & Evangelista-Chefe de Tecnologia da Bizzdesign, empresa líder em ferramentas para modelagem da arquitetura corporativa, representada no Brasil pela Centus Consultoria.

 

 

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