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Modelagem ArchiMate na Prática – BriteLite (Parte 3)

Publicado originalmente por Bas van Gils & Sven van Dijk. Tradução e publicação autorizada pelos autores.
Uma versão para impressão pode ser acessada na biblioteca da Centus Consultoria.

Na terceira postagem desta série, Brenda começa a trabalhar a modelagem da arquitetura de linha de base e a futura arquitetura alvo para a iniciativa de transformação de negócios da BriteLite, e um pequeno desvio de rota demonstra o valor da arquitetura de negócios para a BriteLite.

Continuando os modelos de linha de base

Não leva muito tempo para que a equipe de Brenda seja aumentada: uma vez que ela tem tido tão “boa cobertura de imprensa” nas últimas semanas, as pessoas estão ansiosas para participar. No entanto a Diretoria está um pouco cautelosa, dado que:

  • Parece que há vários subgrupos informais concorrentes na organização em relação à arquitetura de sistemas de informação, e a Diretoria quer se certificar de que a equipe está equilibrada
  • Há um grupo de pessoas que pode se beneficiar de uma falha no projeto da Brenda, uma vez que eles construíram uma posição de poder informal com base em seus conhecimentos específicos

Após um planejamento cuidadoso, Brenda agora tem dois sub-grupos que irão trabalhar de maneira semi-independente em ambas as vertentes. Haverá reuniões quinzenais de atualização, de forma que todos tenham uma imagem clara do progresso. Além disso, não há um planejamento de ponta-a-ponta com prazos definidos, uma vez que as equipes sentem que isto ainda não é viável. Em vez disso, eles trabalham com um plano para as próximas 6 a 8 semanas, a fim de delinear a próxima iteração.

Modo de Trabalhar

A equipe da arquitetura de linha de base, composta por quatro pessoas, a maioria com conhecimento de TI, começa com uma instrução de Brenda sobre a forma de modelagem no ArchiMate. Existe um pouco de resistência para lidar, pois esta é uma equipe experiente que afirma já ter visto de tudo. Brenda percebe que a maioria dos membros da equipe são experientes modeladores UML, então explicar uma nova linguagem não deve ser muito difícil. Ela se certifica de passar algum tempo extra explicando os relacionamentos, uma vez que estes tendem a ser o mais difícil de entender para modeladores UML, que veem “linhas” serem usadas de maneiras vagamente similares, mas precisamente diferente.
Figure 012

Começando com um único diagrama em um quadro branco, ela orienta a equipe através da forma de modelagem. A maior parte dos conceitos, como a decomposição funcional e a utilização de serviços, são compreendidos de forma relativamente rápida pelo grupo. Como esperado, há alguma discussão sobre os relacionamentos. A observação prática de que “se esta é a forma como foi definido, quer queiramos ou não, melhor aprendermos a trabalhar com ela”, assenta o debate e o grupo rapidamente começa a trabalhar.

O plano

A equipe decidiu por uma abordagem simples e pragmática, com várias oficinas durando cerca de metade de um dia:

  • Duas oficinas para obter a “visão geral”: quais os principais sistemas que estão no escopo, e se temos a experiência para modelá-los por nós mesmos, ou devemos organizar oficinas com outras partes interessadas?
  • Depois disso: 1 ou 2 oficinas por sistema, dependendo da sua complexidade
  • Tente evitar mais de duas oficinas para um único sistema: um sistema pode eventualmente ser mais complexo, mas Retorno Sobre o Esforço de Modelagem deve ser mantido sob consideração

A equipe irá documentar tudo em um pacote de modelos de linha de base no repositório compartilhado do Bizzdesign Enterprise Studio, e planejar a criação de uma visão por sistema de acordo com a estrutura que Brenda estabeleceu para eles, e uma visão geral que mostra somente os componentes, serviços e nós (ou seja, a decomposição funcional e as plataformas são deixados de fora).

Resultados

A equipe começa a trabalhar, e rapidamente começam a aparecer os primeiros resultados. O sistema de CRM e o sistema de ERP são alvos precoces, uma vez que eles são muito bem conhecidos pelo grupo e, além disso, muito utilizados por várias partes interessadas na BriteLite. Isto torna mais fácil preencher algumas das lacunas que surgem durante as primeiras rodadas da modelagem, verificando e reiterando com os especialistas no assunto. Nos modelos de linha de base, os arquitetos seguem a orientação da Brenda, como explicitado acima, o que leva aos modelos para os sistemas CRM e ERP da BriteLite como mostrado mais abaixo.

Interrupções no projeto

Enquanto isso, a sua “equipe de arquitetura alvo” pode precisar de uma pressão adicional para ir em frente novamente. Eles têm pesquisado documentos de políticas, participado de reuniões de gestão, e pesquisado estratégias modernas de arquitetura corporativa publicadas por analistas da indústria, como o Gartner. O resultado foi mínimo, mas Brenda ainda não está demasiadamente preocupada. Eles chegarão lá; algum “tempo extra para pensar” pode ser uma coisa boa, enquanto as ideias mais loucas vão sendo deixadas de lado.

Uma distração?

Enquanto trabalha no seu plano, Brenda recebe um visitante inesperado: James, um dos consultores da equipe de gestão, chega com um grave olhar estampado em seu rosto. Obviamente ele tem algo sério na sua mente. Depois de tomar um café – nenhuma reunião pode começar sem ele – e conversar despretensiosamente sobre o momento da arquitetura corporativa, ele chega ao ponto: a Diretoria está ciente do fato de que a equipe de Brenda está trabalhando arduamente nas arquiteturas de linha de base e alvo, mas existem alguns desafios que devem ser abordados no curto prazo. Ele pede desculpas pelo aviso imediato, mas joga estas questões na pilha de tarefas de Brenda:

  • Um dos fornecedores de bancos de dados está forçando uma extensão das licenças. A Diretoria não está muito confortável em tomar uma decisão a curto prazo: um monte de dinheiro está envolvido nisto.
  • As perguntas principais são:
    • Que produtos deste fornecedor estamos usando, e onde? Estamos usando todas as coisas que estamos pagando?
    • Esperamos permanecer com este fornecedor na arquitetura alvo?

Tendo muita experiência, Brenda consegue manter o rosto calmo, e promete resultados rápidos para a primeira pergunta. A segunda pergunta pode exigir mais tempo. Ela pede uma semana para uma resposta inicial, e outra semana para ter a resposta final pronta: uma rápida resposta certamente irá mostrar a força de todo o trabalho duro que a equipe vem fazendo.

James esperava uma argumentação forte da parte de Brenda, e está agradavelmente surpreendido com a resposta. Ele não esperava tais resultados rápidos, e vê nisso uma oportunidade para “marcar alguns pontos com os chefes”, de forma que ele graciosamente concorda.

O plano

Quando James sai, Brenda organiza seus pensamentos enquanto limpa o quadro branco. Com uma curta nota no whatsapp do grupo, ela pede à equipe para se encontrar rapidamente para uma reunião improvisada. Com todos em seu escritório, a sala fica um pouco apertada. Ela fala um pouco mais suave do que o normal, adicionando o efeito de criar uma situação em que todos compreendem que a pressão está alta. Ela explica a situação e dá duas instruções simples:

  • A equipe da linha de base praticamente já concluiu o seu trabalho. Eles devem se concentrar sobre a camada da infraestrutura em primeiro lugar, concluí-la rapidamente, e gerar uma tabela de referência cruzada dos sistemas de informação em relação às plataformas para ver quais produtos do fornecedor são usados onde. Isto não precisa ser perfeito, mas tem de ser feito rapidamente.
  • A equipe da arquitetura alvo tem uma tarefa mais complexa.
  • Brenda lhes pede para criar um conjunto de, no máximo, 5 slides para explicar o modelo operacional (um conceito sobre o qual haviam falado antes). Seu argumento é que o modelo operacional para a BriteLite é Coordenação, e ela quer que a equipe explique por que razão
  • Ela mesma vai trabalhar com as pesquisas coletadas (Internet, livros, relatórios do Gartner) para criar rapidamente um projeto de framework para a arquitetura alvo. Isso será usado para responder à segunda pergunta da Diretoria
  • Haverá atualizações diárias através do grupo do whatsapp, e ela espera resultados até o final da semana. Ela vai trabalhar durante o fim-de-semana para integrar os resultados e enviá-los para a Diretoria, como prometido.

A execução

A equipe está altamente motivada para trabalhar e obter resultados. Após algumas perguntas e debater algumas ideias, eles correm fazer o seu trabalho. As primeiras atualizações através do whatsapp são positivas: é muito trabalho, mas todos estão confiantes de que concluirão o trabalho. Depois de três dias, Brenda se encontra com as sub-equipes separadamente, para confirmar que estão no caminho certo. E realmente, até o final da semana todos os resultados são entregues.

Análise da linha de base

Tendo em conta o fato de que a equipe de linha de base documentou todos os seus resultados no repositório compartilhado de modelos do Bizzdesign Enterprise Studio, eles descobrem rapidamente que a sua tarefa é realmente muito fácil. Durante o trabalho de modelagem da linha de base do panorama dos aplicativos, os servidores (modelados como nós) e as plataformas (modeladas como software de sistema) foram adicionados aos modelos e ligados às aplicações que eles suportam. Usando a navegação pelos modelos do Bizzdesign Enterprise Studio, e com a funcionalidade de geração de visualizações é muito fácil criar a visão geral que é necessária para se fazer a análise desejada. A equipe decide gerar uma visão de tabela através da ferramenta, na qual eles mostram quais aplicativos usam quais plataformas de banco de dados. Nas células, eles mostram o nó, ou os nós, nos quais a plataforma de banco de dados é executada. A tabela resultante é ilustrada abaixo.

Figure 013

Três plataformas de banco de dados estão em uso. O aplicativo IPPS era um aplicativo dedicado suportando funções de gerenciamento e processos de Recursos Humanos. No entanto, a partir de um projeto que foi concluído no ano passado, a BriteLite passou a usar a funcionalidade de gerenciamento de Recursos Humanos como parte do sistema ERP ZAP, e os dados foram migrados para o banco de dados do ERP, após o qual um novo projeto foi iniciado com o objetivo de desativar totalmente o IPPS.

Modelo operacional

A equipe de arquitetura alvo também fez um bom trabalho. Eles desenvolveram uma apresentação simples, com um bom lay-out, que explica:

  • O que é um modelo operacional e por que ele é importante
  • As dimensões principais (padronização do processo e integração), bem como as características dos quadrantes
  • Uma análise que explica que os principais processos BriteLite (consultoria, produção, etc.) são muito diferentes, mas precisam trabalhar sobre os mesmos dados. Isto sugere um modelo de Coordenação
  • No último slide, eles explicam que a BriteLite não possui um modelo puro de coordenação, mas tem alguns aspectos de Diversificação e de Unificação também

A figura abaixo foi incluída na apresentação da equipe de arquitetura alvo, a fim de apoiar e explicar os pontos acima mencionados.

Figure 014

Arquitetura alvo

Brenda também fez sua lição de casa para a arquitetura alvo. Ela criou um slide que descreve as camadas da arquitetura alvo, e que será usado para iniciar a discussão sobre a manutenção deste fornecedor na lista de parceiros-chave.

Figure 015

Com base na análise da linha de base, na análise do modelo operacional, e de seu próprio framework, Brenda trabalha no seu relatório com um café quente, em seu café local favorito, em uma nublada manhã de sábado. Sua recomendação final para a Diretoria:

  • Estamos usando todas as plataformas pelas quais estamos pagando, exceto uma. Esse sistema foi desativado há mais de um ano
  • Dados são um dos nossos principais ativos. Ele será o núcleo da parte de sistemas de informação da arquitetura alvo
  • Uma plataforma única de dados é altamente improvável. Nós provavelmente precisaremos de uma plataforma única de banco de dados relacional de um fornecedor forte, além de sólidas plataformas de código-fonte aberto
  • Devemos dar a este fornecedor a oportunidade para nos fazer uma boa oferta para se tornar este fornecedor forte. Se não, devemos nos mover logo que os planos para a arquitetura alvo se tornarem mais sólidos

Depois de terminar o seu café, ela revisa os slides mais uma vez, e os envia com esta lista de quatro pontos. Em sua mensagem, ela se oferece para apresentar esta análise durante a reunião de Diretoria na segunda-feira pela manhã. Com um sorriso, ela percebe que bateu o seu próprio prazo, proporcionando resultados sólidos em uma semana.

Figure 016

Figure 017

Publicação

As duas equipes (linha de base e alvo) concordaram em ser tão abertas e transparentes quanto possível. O plano é publicar um novo relatório baseado em HTML na Intranet pouco antes da reunião de atualização quinzenal. Dessa forma, toda a organização irá permanecer atualizada quanto ao que está acontecendo, o que pode resultar em entradas extras e na aceitação dos resultados.

Na próxima postagem desta série, a equipe de Brenda acelera novamente em direção à arquitetura alvo da iniciativa de mudança de negócios da BriteLite, e o futuro estado da arquitetura começa a tomar forma.

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