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Gerenciamento do Portfólio de Aplicativos: em direção à arquitetura orientada para o valor

Postado em 16 de ago. de 2019 por Centus Consultoria

Originalmente postado por Marc Lankhorst*, no blog da BiZZdesign – Tradução e adaptação autorizados

Muitas organizações com grandes panoramas de aplicativos legados não podem mais adiar uma reforma geral na sua TI. Mas como você evita criar de novo, hoje, os legados de amanhã? E como você emprega o seu orçamento de TI da forma mais sensata? Além de um desenho e de práticas de desenvolvimento apropriadas (por exemplo, com arquitetura corporativa, métodos ágeis e DevOps, como mostramos em postagens anteriores), você precisa gerenciar seu portfólio de aplicativos como um todo, para decidir onde é mais importante investir.

Gerenciamento de Portfólios Fraco vs Forte

O Gerenciamento de Portfólios é um processo de tomada de decisão dinâmico no qual um conjunto coordenado de aplicativos, projetos, programas ou produtos é rotineiramente monitorado, analisado e gerenciado para maximizar sua efetividade. A avaliação e priorização de projetos e atividades associadas com o inventário fornece a oportunidade para priorizar, acelerar, terminar ou “despriorizar” partes do portfólio e alocar ou realocar os recursos associados.

Quando as organizações não têm um gerenciamento de portfólios forte, elas são relutantes para terminar projetos ou executar a retirada de aplicativos ou produtos ao final do seu ciclo de vida. Além disso, os critérios para decidir de um projeto continua ou não (Go/No Go) são inefetivos ou inexistentes. Ativos com baixo desempenho não são avaliados ou eliminados. Alguns projetos desenvolvem vida própria, enquanto outros são adicionados com pouca ou nenhuma consideração pelos seus requisitos de recursos, atenção da gerência ou impacto em outros projetos. Recursos podem ser realocados para o último projeto “urgente”, sem uma consideração exaustiva dos efeitos disruptivos que isso pode ter sobre os esforços “importantes” que já estão em andamento.

Como resultado, uma verdadeira falta de foco se instala – resultando em muito mais itens no inventário do que os recursos disponíveis são capazes de gerenciar. Listas de pendências de tarefas começam a se acumular, os tempos de ciclo começam a crescer, e os processos em uso se tornam inefetivos. Os esforços se tornam cada vez mais reativos e a qualidade sofre, resultando em uma taxa de falhas crescente. O impacto mais significativo de um gerenciamento de portfólio fraco é o impacto na direção estratégica – projetos que não estão alinhados com a estratégia do negócio ou que não possuem importância estratégica competem por e consomem recursos valiosos que deveriam estar focados nos esforços mais estratégicos. Muitas organizações sofrem do chamado “estrangulamento da inovação”: todos os recursos e orçamentos disponíveis são usados para manter o panorama de legados em funcionamento, espremendo para fora inovações estratégicas importantes.

Existem vários desafios para atingir um gerenciamento de portfólios forte:

  • Muitos aplicativos
  • Falta de recursos (especialistas no assunto são geralmente atribuídos, mas podem ser requisitados para suportar necessidades “mais urgentes”)
  • Falta de prioridades claras
  • Backlog crescente de projetos de suporte aos aplicativos
  • Tendência para coletar dados que na realidade não fornecem informação útil para os tomadores de decisão
  • Falta de monitoramento e gerenciamento efetivo do portfólio

Como Fazer um APM da Maneira Correta?

Falando genericamente, o Gerenciamento do Portfólio de Aplicativos (APM-Application Portfolio Management) é o processo de gerenciar uma coleção de aplicativos para tomar decisões efetivas sobre oportunidades de investimento. Assim como um portfólio de investimentos, que contém uma coleção de ativos selecionados para suportar objetivos de lucratividade ou crescimento específicos, portfólios de aplicativos deveriam ser gerenciados para efetivamente suportar as principais estratégias e metas de negócio da organização. Em geral, portfólios de ativos podem incluir produtos e serviços; capacidades e processos de negócio; software, como aplicativos de negócio, middleware e bancos de dados; infraestrutura, como servidores, redes, estações de trabalho, dispositivos móveis; e, finalmente, recursos para suportar tudo isso. No APM, nós focamos nos ativos de software.

Infelizmente, muitas organizações abordam o APM como uma simples racionalização de aplicativos pontual, na maioria das vezes focada no custo ou em problemas técnicos de curto prazo. Isso trás alguns problemas significativos. Em primeiro lugar, limpar o seu panorama de aplicativos apenas uma vez e esquecer disso de novo resultará nos mesmos problemas que você tem hoje reaparecendo em um futuro próximo. Ao invés disso, é necessário de uma abordagem de ciclo de vida para o portfólio de aplicativos. O monitoramento e governança regulares, incluindo critérios de valor de negócio claramente definidos da saúde (de negócio e técnica) dos aplicativos e opções de avaliação para o seu futuro, são necessários para gerenciar o portfólio de aplicativos em direção às necessidades do negócio.

blog APM 004

Figura 1. Avaliação de aplicativos usando Análise TIME

Mais ainda, os aplicativos são, em geral, julgados caso-a-caso, mas o panorama como um todo é mais importante, considerando as dependências entre os aplicativos e com os processos de negócio que eles suportam, e a complexidade, os riscos e o valor de negócio do panorama de aplicativos como um todo. Simplesmente substituir ou desligar um aplicativo isolado geralmente não é uma opção.

É essencial saber o valor de negócio dos aplicativos e como eles suportam o negócio, seus processos e capacidades. Mas como você determina isso de uma forma objetiva (isso é, não apenas perguntando para os usuários)? Para isso, você precisa usar modelos de arquitetura corporativa através de todos os domínios da arquitetura para mostrar a rastreabilidade para os processos de negócio, capacidades de negócio, produtos e serviços, e para as estratégias e metas do negócio. Isso também inclui mostrar casos de uso, cadeias de valor e fluxos de trabalho, e como eles são suportados pelos aplicativos, suas funcionalidades e objetos de dados, por exemplo, para um produto ou cliente. Isso ajuda a avaliar os aplicativos em seu contexto, ao invés de isoladamente, e isso pode também melhorar o valor dos aplicativos ao revelar novos usos potenciais.

Mais ainda, diferentes categorias de aplicativos são julgadas de acordo com diferentes aspectos. Aplicativos de linha de frente inovativos precisam atender a critérios diferentes dos sistemas de registro estáveis. Portfólios adequados deveriam ser definidos para tais categorias. Você quer garantir uma distribuição balanceada dos investimentos, tanto dentro como através dos portfólios, e tanto para os seus ativos como para seus projetos e programas. É importante escolher critérios baseados nos objetivos de negócio.

Tipicamente, um gerenciamento do portfólio de aplicativos forte se apóia em cinco medidas de desempenho:

  1. Os aplicativos estão alinhados com os objetivos de negócio
  2. O portfólio de aplicativos abrange componentes de alto valor
  3. Os recursos e os desembolsos refletem a estratégia e as prioridades do negócio
  4. As atividades e os projetos de aplicativos são completadas no tempo adequado e dentro do orçamento
  5. O portfólio de aplicativos abrange o número certo de componentes

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Figura 2. Gerenciamento de Portfólio em Contexto

Como relacionar o APM com outras disciplinas

Como nós indicamos acima, um APM forte depende criticamente de uma linha clara e visão com a estratégia de negócio e uma fundação forte na arquitetura corporativa. Uma forma útil de relacionar seus portfólios de aplicativos com a estratégia é através das capacidades de negócio. Capacidades de negócio definem o que uma organização precisa ser capaz de fazer para atingir os resultados que estão definidos na estratégia corporativa. Elas são os principais blocos de construção do negócio, únicos e independentes uns dos outros, e tendem a ser estáveis ao longo do tempo. Assim sendo, elas são uma fundação muito útil para estruturar portfólios de aplicativos e determinar a importância estratégica dos aplicativos nestes portfólios. Isso pavimenta o caminho para uma arquitetura verdadeiramente orientada para o valor.

Mais ainda, um APM forte precisa ser parte dos processos do dia a dia que mantém e melhoram o seu panorama de aplicativos. Sua abordagem baseada em valor o torna bem adequado para abordagens como o Scaled Agile Framework (SAFe), discutido na nossa postagem anterior. Ligar o APM com os fluxos de valor no nível de portfólio do SAFe e orçamentar tais fluxos com base em (entre outros) resultados do APM é relativamente simples.

Conclusão

Em resumo, um gerenciamento de portfólio de aplicativos forte leva a abordagem de ciclo de vida para o panorama de aplicativos completo, relaciona-o com a estratégia de negócio e é fundamentada sobre uma sólida prática de arquitetura corporativa. Isso pode parecer simples, mas ainda é uma disciplina difícil: desligar os aplicativos machuca, e racionalizar a tomada de decisões pode não ser do interesse de todos… Mas, através do foco nos resultados de negócio, decisões melhores podem ser tomadas e maior valor de negócio pode ser obtido, algo que todas as organizações estão lutando para conseguir.

* Mark Lankhorst é Gerente de Consultoria & Evangelista-Chefe de Tecnologia da Bizzdesign, empresa líder em ferramentas para modelagem da arquitetura corporativa, representada no Brasil pela Centus Consultoria.

 

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Gerenciamento do Portfólio de Aplicativos

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