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Os Papéis dos Arquitetos Corporativos na Inovação – Arquitetar para a Inovação

Postado em 9 de ago. de 2020 por Antonio Plais

Originalmente postado por Marc Lankhorst e Matthijs Scholten*, no blog da BiZZdesign – Tradução e adaptação autorizados

Há algum tempo publicamos uma postagem sobre como os arquitetos corporativos podem contribuir para a inovação. Nesta nova série de postagens, queremos explorar mais os vários papéis que os arquitetos corporativos podem desempenhar na inovação nas suas organizações. Em geral, nós vemos uma crescente necessidade por, e a contribuição, de uma perspectiva arquitetural sobre a inovação. Isso é necessário porque a maioria das grandes organizações se transformou em monstros bastante complexos, e inovar nestas condições nem sempre é uma tarefa fácil. Muitas partes móveis precisam ser coordenadas, mas poucas pessoas possuem a visão geral necessária para fazer isso. É aqui que tipicamente a arquitetura corporativa pode adicionar valor.

Nós vemos três papéis principais para os arquitetos na inovação:

  1. Arquitetar para a inovação: para facilitar a inovação, a complexidade da organização precisa ser desafiada. De outra forma, se tudo está conectado com tudo, a mudança se torna praticamente impossível. Os arquitetos podem criar espaço para a inovação reduzindo a sua complexidade e facilitando a mudança. Esta é a perspectiva de dentro-para-fora com a qual a maioria dos arquitetos está acostumada.
  2. Coordenar a inovação: quando existem muitas ideias e iniciativas inovadoras, você precisa coordenar e priorizar os investimentos. Para onde a organização quer ir e em que medida estas iniciativas estão alinhadas com os resultados de negócio desejados? Isso oferece uma perspectiva de fora para dentro sobre a inovação.
  3. Iniciar a inovação: Arquitetos corporativos possuem uma posição privilegiada para serem capazes de conectar tendências de negócio e de tecnologia do ambiente para as estruturas internas da empresa. Esta perspectiva de fora para dentro ajuda a organização a detectar, avaliar e responder às oportunidades e tendências no seu ecossistema mais amplo.

Nesta série de postagens, exploraremos estes três papéis, começando pelo primeiro.

Arquitetar para a inovação

A maioria das empresas estabelecidas cresceu organicamente ao longo dos anos, adicionando departamentos, funções e sistemas por partes, sem considerar os impactos maiores destas adições.
Além disso, mesmo que tenha havido uma prática de arquitetura consistente e madura envolvida na evolução da empresa, as escolhas arquiteturais do passado podem não mais ser adequadas no presente, e especialmente podem não suportar os movimentos da empresa em relação ao futuro.

Por exemplo, um princípio comum da arquitetura é “reusar antes de comprar antes de fazer”: ao invés de criar algo novo, nós precisamos reusar o que nós já temos, porque a duplicação de funcionalidades é desnecessariamente cara, leva à inconsistência de dados etc. Faz sentido, não faz? Bem, talvez nem sempre…

Aplicar este princípio geralmente leva a sistemas enormes e centralizados que tentam fazer tudo para todo mundo. Estes sistemas muitas vezes começaram pequenos. Então, chega um novo requisito que é coberto, digamos, em 80% por este sistema, mas requer 20% de novas funcionalidades. É muito melhor expandir um pouco o sistema existente do que comprar alguma outra coisa, certo? Vamos apenas ligar este módulo adicional do fornecedor, ou adicionar uma nova tabela ao banco de dados, e assim por diante. Mas cada extensão se torna cada vez mais difícil, uma vez que você tem que considerar o impacto no sistema inteiro.
Assim sendo, precisamos nos livrar destes monólitos, uma vez que eles atrasam a nossa evolução.

Podemos introduzir uma orientação para serviços e fazer tudo com microsserviços: elementos funcionais de granulação fina, leves, com baixo acoplamento, com interconexões claras baseadas em padrões. Vamos, também, organizar nossas pequenas equipes ágeis em torno destes serviços e permitir que eles inovem localmente. Isso tornará a vida muito mais fácil. Bem, talvez nem sempre…

Muito frequentemente, panoramas de microsserviços evoluem de forma similar para uma complicada rede de dependências, conectando tudo com todo o resto. Anteriormente, esta bagunça podia estar escondida nas entranhas do nosso enorme sistema legado. Que nós possamos ver isso mais claramente é certamente um progresso, mas, novamente, a mudança se torna progressivamente mais difícil por causa de todas as interdependências que nós introduzimos.

Mais ainda, garantir a consistência dos dados através de tal rede de serviços não é uma tarefa fácil. O desempenho pode se tornar um problema por causa da rede de comunicação entre todos estes serviços. E se cada equipe é livre para escolher sua própria pilha de tecnologia (como alguns agilistas querem que seja), você pode imaginar a complexidade e o risco resultantes para a empresa. Finalmente, como você sabe que aquilo que todas estas equipes individuais decidiram fazer realmente contribui para os resultados de negócio desejáveis para a empresa como um todo?

Uma vez que você considere estes aspectos, se torna óbvio que uma arquitetura sólida é tão relevante como sempre se você quer inovar e manter a inovação. Os princípios clássicos em torno de acoplamento e coesão de sistemas ainda se aplicam. A partir da sua perspectiva de ‘visão ampla’, os arquitetos podem ajudar a decidir onde integrar ou separar as partes do seu negócio e do seu panorama de TI. Desde o nível do negócio e para baixo, pensar sobre capacidades de negócio autônomas ajuda você a particionar sua arquitetura em partes que evoluam e inovem de forma independente. Abordagens como a estratificação por ritmo (pace layering) permitem que você compreenda e oriente as diferentes velocidades da mudança nas várias partes do seu panorama.

Em direção à arquitetura para a inovação

Conceitos como os expostos acima ajudam não apenas na redução da complexidade e, assim, aumentam a flexibilidade e a agilidade, mas também na formatação explícita do espaço para a inovação. Onde você poderia criar espaço para a exploração e a descoberta de valor potencial de negócio, sem introduzir riscos financeiros e operacionais indesejados? E há muito mais coisas na caixa de ferramentas dos arquitetos que ajudam as suas organizações a fomentar a inovação e a mudança. Nós acreditamos que os esforços bem-sucedidos de mudança corporativa são suportados por percepções e colaboração inteligente por toda a empresa. Por exemplo:

  • Identificação de Tendências & Ideação: Criação de Perfis de Inovação – use esta técnica para monitorar tendências tecnológicas e colocá-las no contexto do negócio. Abaixo está um exemplo usando conceitos da linguagem ArchiMate, mostrando as capacidades de negócio, patrocinadores e especialistas internos, ideias de inovação relacionadas à (neste caso) tendências da Internet das Coisas para a nossa empresa-modelo de energia ArchiPower. Isso foi modelado como Motivadores, e o conteúdo da visão abaixo foi gerado a partir dos relacionamentos entre os elementos do modelo:

blog innovation 001

  • Identificação de Tendências & Ideação: Fluxos de Inovação – alcance processos de ideação mais produtivos atribuindo um escopo para as ideias que (quaisquer) empregados possam ter. O conceito aqui é que as ideias estão, na realidade, conectadas com a organização e seus constituintes.
  • Análise da Inovação: Avaliação da Prontidão para a Inovação – use esta métrica para identificar as áreas no seu negócio (e.g. usando um mapa de capacidades) que precisam de mais espaço para a inovação ou áreas que se destacam. Abaixo você pode ver um mapa de calor como esse, mostrando de vermelho para verde o nível de prontidão para a inovação das capacidades da ArchiPower. Você pode notar, por exemplo, que as capacidades Legal, Regulatory Affairs, Risk & Compliance, e Finance, não estão muito prontas para a inovação.

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  • Decisões de Inovação: Cenários de Inovação – crie cenários de inovação para mostrar as escolhas entre custos/benefícios a serem feitas para a seleção das iniciativas de inovação que estão avançando em direção à execução. Um exemplo é mostrado abaixo, mostrando vários aspectos dos cenários e algumas métricas usadas para avaliá-los.

Mapeamento da Inovação: da Ideia para o Negócio

Você deve compreender, no entanto, que os dias do “grande desenho antecipado” já se foram. Arquitetos corporativos não podem mais desenhar um estado alvo fixo distante no futuro. O mundo em torno de nós simplesmente muda muito rápido e as necessidades das nossas partes interessadas mudam de acordo. Ao invés disso, ao proporcionar decisões e orientações apenas suficientes, no tempo certo, na forma de “arquiteturas intencionais“, arquitetos podem ajudar as suas organizações a se manterem flexíveis e inovativas.

Na nossa próxima postagem desta série daremos uma olhada no segundo papel dos arquitetos na inovação: coordenação. Fiquem ligados!

* Mark Lankhorst é Gerente de Consultoria & Evangelista-Chefe de Tecnologia, e Matthijs Scholten é consultor, na Bizzdesign, empresa líder em ferramentas para modelagem da arquitetura corporativa, representada no Brasil pela Centus Consultoria.

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