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O Valor das Arquiteturas de Referência

Postado em 18 de jun. de 2019 por Antonio Plais

Originalmente postado por Marc Lankhorst*, no blog da BiZZdesign – Tradução e adaptação autorizados

Arquiteturas de referência são arquiteturas padronizadas que fornecem uma estrutura de referência para um domínio, setor ou área de interesse em particular. Modelos ou arquiteturas de referência fornecem um vocabulário comum, desenhos reusáveis e melhores práticas da indústria. Elas não são arquiteturas de solução, ou seja, elas não são diretamente implementáveis. Ao invés disso, elas são usadas como uma restrição para arquiteturas mais concretas. Tipicamente, uma arquitetura de referência inclui princípios, padrões, blocos de construção e padrões de arquitetura comuns. Muitos domínios têm definido sua próprias arquiteturas de referência.

Alguns exemplos bem conhecidos incluem:

  • O panorama de serviços BIAN para a indústria bancária
  • O framework Energistics, para a indústria de petróleo e gás
  • O framework ACORD para a indústria de seguros
  • O framework de processos de negócio eTOM, do TMForum, para a indústria de telecomunicações
  • Várias arquiteturas de referência para governos, como o FACIN brasileiro, o NORA holandês, o FEAF americano ou o AGA australiano
  • Frameworks de arquitetura de defesa, tais como o NOAF, DODAF e MoDAF
  • Arquiteturas de referência para a indústria e a cadeia de suprimentos, como o ISA-95 e o SCOR
  • Arquitetura de referência para serviços de saúde, como o HERA

A maioria destas arquiteturas de referência incluem capacidades/funções de negócio e processos de negócio comuns em um domínio. Além disso, elas podem incluir, por exemplo, modelos de dados, padrões de comunicação e formatos de troca comuns, e algumas vezes até blocos de construção de software comuns e ativos reusáveis.

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O framework eTOM no ArchiMate

Por que usar arquiteturas de referência?

Então, qual é o valor de usar tais arquiteturas de referência, e por que e quando você deveria usá-las?

Em primeiro lugar, arquiteturas de referência fornecem uma estrutura de referência que ajudam você a obter uma visão geral de um domínio particular, e elas fornecem um ponto de partida para o seu próprio esforço de arquitetura corporativa. Elas fornecem estruturas básicas que você pode usar, evitando que você tenha que reinventar a roda. Arquiteturas de referência são mais valiosas para aqueles aspectos e elementos da sua organização nos quais você não compete com outras empresas.

Por exemplo, as funções de negócio de uma seguradora típica são, em grande medida, similares àquelas dos seus concorrentes, assim como boa parte dos seus processos. As diferenças competitivas, muito provavelmente, estarão nos produtos que elas oferecem, nos preços que praticam, nos segmentos de clientes que elas atendem, nos relacionamentos com os seus clientes. Reusar as melhores práticas da indústria fornecidas por arquiteturas de referência garante que você não está ficando para trás nestes aspectos não-competitivos. Nós vemos isso, inclusive, na implementação de vários sistemas de TI, onde fornecedores como a SAP fornecem processos de referência para uma grande parte da organização. Seu processo de contabilização, por exemplo, raramente será uma fonte de vantagem competitiva.

Uma segunda razão para usar arquiteturas de referência é a interoperabilidade. Em um mundo cada vez mais conectado, as empresas precisam se conectar e cooperar de todas as formas com outras partes. Os padrões e blocos de construção melhoram a flexibilidade, porque é mais fácil trocar blocos de construção que se conectam através de interfaces padronizadas (veja o esforço do BIAN para a criação de um padrão de APIs para um sistema bancário aberto); por outro lado, é muito mais fácil desenvolver padrões se os blocos de construção em si são padronizados.

Isso nos trás para a terceira razão para usar arquiteturas de referência: fusões & aquisições, e terceirização. Se as duas partes falam a mesma linguagem, usam os mesmos padrões, e reconhecem as mesmas fronteiras entre as funções, processos e/ou sistemas, será muito mais fácil recombinar seus elementos em novas configurações.

A quarta razão para usar arquiteturas de referência é facilitar a comparação dentro da sua indústria (benchmarking). Em geral, as diferenças entre duas empresas não está no desenho, por exemplo, dos seus processos de negócio, mas na sua execução. Usar desenhos de referência torna muito mais fácil comparar aqueles resultados da execução.

Benchmarking nos leva à quinta razão pela qual arquiteturas de referência são importantes: conformidade regulatória. Em geral, arquiteturas de referência são prescritas (ou, pelo menos, fortemente recomendadas) por órgãos reguladores. Princípios, práticas e processos contábeis, por exemplo, são cada vez mais padronizados e mandatórios. Isso leva a padrões de reporte do negócio, incluindo até mesmo o nível de padrões de troca de informações, como o XBRL.

Como usar arquiteturas de referência

Antes que você decida usar uma arquitetura de referência, algumas condições devem ser satisfeitas. Primeiro, uma arquitetura de referência deveria ser baseada em comunidade. Os usuários, não os fornecedores, deveriam decidir a respeito de melhores práticas, e a arquitetura deveria ser mantida ativamente pela comunidade de usuários. O mundo está mudando, e a sua arquitetura de referência deveria mudar também.

Um processo ativo e aberto para a comunidade como esse é, idealmente, complementado pelo uso de padrões abertos para descrever as arquiteturas. A Bizzdesign pode fornecer muitos destes modelos de padrões de referência diretamente no produto. O uso de arquiteturas de referência em uma organização também requer governança; a organização deveria realmente se comprometer com o seu uso e isso deveria ser “obrigado” de alguma forma. Arquiteturas de referência só possuem valor se as pessoas estão realmente usando-as como pretendido e realmente seguindo a sua orientação, se não toda a ideia de reusar as melhores práticas da indústria vai por água a baixo.

Finalmente, sua escolha de arquitetura de referência deveria fornecer orientação acionável e verdadeira. Princípios gerais de arquitetura não são suficientes. A estrutura concreta, por exemplo, em termos de funções ou processos de negócio, blocos de construção e padrões, deve fornecer para você um referencial útil para o seu próprio esforço de arquitetura. Usar arquiteturas de referência não implica que você perde a sua liberdade de desenho. Ao contrário, você foca esta liberdade naqueles aspectos da sua empresa onde você pode fazer uma diferença real. É aqui que você, como um arquiteto, pode adicionar o máximo de valor para a sua organização!

* Mark Lankhorst é Gerente de Consultoria & Evangelista-Chefe de Tecnologia da Bizzdesign, empresa líder em ferramentas para modelagem da arquitetura corporativa, representada no Brasil pela Centus Consultoria.

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