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Transformação Digital: como gerenciar e governar um ambiente de TI de várias velocidades – Parte 2

Postado em 12 de jul. de 2019 por Antonio Plais

Originalmente postado por Marc Lankhorst*, no blog da BiZZdesign – Tradução e adaptação autorizados

Na nossa postagem anterior, falamos sobre o impacto da TI de várias velocidades na organização de TI e da Arquitetura Corporativa. Vamos falar, agora, sobre as diferentes opções para gerenciar uma abordagem de TI de várias velocidades. O gerenciamento e a governança da arquitetura ágil de alta velocidade e da arquitetura de linha de base estável e robusta que nós discutimos anteriormente pode ser feita através de várias opções, como mostrado na Figura 1. Você poderia assumir que nós estamos falando apenas sobre uma simples abordagem de TI de duas velocidades, como mencionado em alguns lugares, mas isso não é tão simples como parece.

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Figura 1. Abordagem Bimodal

Por que a TI Bimodal não funciona?

Muitas organizações tendem a estabelecer uma função de Escritório Digital que inclui a governança das novas iniciativas digitais suportadas por uma equipe dedicada. Isso soa um pouco parecido com a abordagem bimodal, como defendido pelo Gartner. Assim como qualquer outra abordagem, esta tem seus pontos positivos e pontos negativos. Equipes separadas trabalhando em problemas separados parece ser uma boa ideia, uma vez que cada equipe pode se concentrar nas suas tarefas específicas na caminhada em direção ao seu alvo.

No entanto, isso também resulta em uma desconexão entre as duas equipes. Ao estabelecer duas equipes diferentes para trabalhar em duas tarefas diferentes, a comunicação entre elas sofrerá, independentemente da qualidade da estratégia de comunicação. Mais ainda, a equipe da linha de base estável poderia se sentir com a reputação prejudicada (sendo percebida como ‘lenta’ e ‘antiquada’ em comparação com as iniciativas digitais), no acesso aos recursos e ao orçamento, e no poder e influência na organização. Esta circunstância leva a graves conflitos entre as duas equipes, e a qualidade do trabalho pode sofrer dramaticamente.

Mais ainda, a abordagem bimodal, infelizmente, não parece oferecer uma solução sustentável a longo prazo. Ela, inclusive, tem sido acusada de ser incapaz de oferecer uma solução potencial para o problema mais simples da estabilidade vs agilidade. E ainda mais, as organizações que efetivamente implementaram uma abordagem bimodal tiveram que encarar consequências desastrosas, tais como a formação de silos artificiais para produtos, processos e pessoas, e a institucionalização da estagnação em detrimento da inovação nas plataformas tradicionais, com a desculpa que “se não está quebrado, não conserte”.

Junto com isso tudo, existe um desafio arquitetural e tecnológico muito maior: os sistemas estáveis de linha de base precisam ser conectados aos sistemas inovadores em rápida mutação do novo domínio dos negócios digitais, uma vez que eles em geral contém os dados de negócio mais importantes. Tais sistemas de registro são indispensáveis, mas são também difíceis de integrar. Colocar o peso desta transformação e integração nas costas da equipe de transformação digital pode diminuir o seu ritmo até um nível inaceitável, enquanto a equipe de linha de base já está ocupada o suficiente apenas para manter as luzes acesas e os sistemas legados funcionando, lidando com novas regras e regulações. Desta forma, parece que nós precisamos de alguma coisa entre estas equipes, para ultrapassar tanto as diferenças culturais como técnicas entre o mundo estável da linha de base e o mundo em constante movimento da transformação digital.

Seria uma Abordagem Trimodal a Solução?

Uma abordagem trimodal, como mostrado na Figura 2, oferece um método mais sofisticado e flexível que um cenário simples de duas velocidades. Esta abordagem considera três equipes diferentes: Os Pioneiros, os Colonos e os Urbanistas. Os Pioneiros desenvolvem a organização digital alvo habilitando a inovação e a co-criação, usando métodos e técnicas ágeis. Na outra ponta do espectro, os Urbanistas representam a linha de base, fornecendo serviços estáveis e robustos para os Pioneiros e os Colonos. Simultaneamente, eles gerenciam provedores de serviços externos através de uma função de gerenciamento e integração de serviços, e adicionam valor para as outras equipes. Os Colonos estão posicionados no meio e lidam com transições ou, melhor dizendo, com arquiteturas de transição, ajudando a organização a industrializar e personalizar os serviços, sistemas e aplicativos para que se ajustem na arquitetura de linha de base, e para gradualmente transformar a arquitetura de linha de base para acomodar as novas necessidades de negócio digitais. Eles também garantem um melhor gerenciamento do fluxo de trabalho e da comunicação na medida em que se movem de um nível para o próximo.

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Figura 2. Abordagem tri-modal

Em Direção à uma Estrutura Celular

Evoluir a abordagem trimodal resulta em uma estrutura celular (Figura 3), onde cada equipe (ou ainda, cada membro de uma equipe) suporta a equipe acima dele, preenchendo seus objetivos e assim sendo envolvido nos negócios diários da sua equipe. Várias equipes são responsáveis pelas várias partes da TI, algumas focadas em funcionalidade de linha de base estável, algumas em capacidades digitais avançadas, e algumas em alguma coisa no meio. Aplicar práticas DevOps implica que cada equipe é totalmente responsável por construir e operar sua parte da TI. A comunicação entre as equipes acontece diariamente no ‘chão-de-fábrica’, e as decisões necessárias entre as equipes podem ser tomadas de forma rápida e eficiente. Mais ainda, partes interessadas relevantes do negócio e da TI podem ser integradas suavemente na equipe de trabalho, contribuindo com as suas visões e fornecendo orientação estratégica e tática quando necessário.

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Figura 3. Abordagem Celular

Arquitetos corporativos são um destes grupos de partes interessadas, focados em garantir que os esforços e os resultados das equipes estão alinhados com a estratégia digital da organização e com as suas metas de médio e de longo prazo. Seu escopo amplo e conhecimento da organização torna-os um fator central neste processo. Se você está nesta posição, tire vantagem deste conhecimento e facilite sua organização em suas jornadas de transformação digital que estão por vir.

* Mark Lankhorst é Gerente de Consultoria & Evangelista-Chefe de Tecnologia da Bizzdesign, empresa líder em ferramentas para modelagem da arquitetura corporativa, representada no Brasil pela Centus Consultoria.

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