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Como Arquitetos Corporativos podem Contribuir para a Inovação

Postado em 21 de jul. de 2020 por Antonio Plais

Originalmente postado por Marc Lankhorst*, no blog da BiZZdesign. – Tradução e adaptação autorizados

Em uma longa série de postagens sobre organizações em alta velocidade e sobre a Empresa Adaptativa, escrevemos várias vezes sobre a necessidade de cultivar a inovação na sua organização. Então, como os Arquitetos Corporativos podem contribuir para esta inovação?

Uma contribuição fundamental da arquitetura corporativa para uma organização é ajudar todos os envolvidos na mudança, desde a liderança até o chão de fábrica, a lidar com as interconexões e dependências na empresa. Uma prática de arquitetura corporativa focada no futuro pode ajudar a entender as possibilidades e os efeitos de, digamos, introduzir um novo modelo de negócio, usar uma tecnologia inovadora (e.g. Inteligência Artificial), oferecer novos produtos e serviços, melhorar a experiência do cliente, mudar o seu ecossistema, e muito mais. Mas a disciplina tem muitos desafios a serem superados.

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Modelo de Negócio

Mudança Cultural

Em primeiro lugar, arquitetos corporativos devem adotar uma perspectiva orientada para o futuro. A inovação requer mais exploração e exposição ao risco do que os arquitetos estão normalmente acostumados. Em várias organizações, sua responsabilidade principal é manter o registro e acompanhar as complexidades da situação atual, com o propósito de encontrar oportunidades para melhorias locais, redução de riscos ou economia de custos. Métodos e práticas estabelecidos de arquitetura são normalmente orientados para se manter no controle.

Você nota isso, principalmente, na terminologia utilizada. Em geral, arquitetos querem desenhar uma arquitetura ou sistema “à prova do futuro”, que acomodará com facilidade quaisquer requisitos potenciais futuros. No entanto, em um ambiente volátil como o mundo em que vivemos, não existe algo que seja uma solução à prova de futuro. A única coisa que você pode fazer é desenhar algo para mudar, garantindo que a mudança em si seja, e continue sendo, tão fácil quanto possível.

Existem escolhas a serem consideradas aqui. Se você quer maximizar a eficiência em custo, compartilhar recursos através da empresa pode ser uma boa ideia. No entanto, se todas as unidades de negócio dependem, digamos, da mesma infraestrutura de TI, mas os seus negócios são muito diferentes, uma solução compartilhada como essa se torna uma camisa de força e um impedimento para a inovação. Se a velocidade da mudança é mais importante do que a eficiência em custo, pode ser melhor tornar cada unidade de negócio responsável pelos seus próprios recursos. E você precisará de interconexões bem arquitetadas e bem gerenciadas entre elas, para evitar complexidade desnecessária.

A velocidade da mudança também pode se chocar com uma cultura de controle. Como dizia o famoso piloto Mario Andretti: “Se tudo parece estar sob controle, você simplesmente não está indo rápido o suficiente”.

Jogo ou Diversão

Mas há muito mais na inovação do que este foco em controle vs. velocidade. Como explicamos em uma postagem sobre “jogo vs. diversão”, a arquitetura corporativa tende a empregar uma abordagem bastante estruturada para a mudança. Ela usa desenhos e técnicas de análise predefinidos, como um jogo que tem um conjunto bem definido de regras e um universo coeso e previsível. Você sabe qual é o objetivo do jogo (dar xeque-mate no adversário, ou reduzir os custos do seu panorama de aplicativos, por exemplo) e segue as regras para obter o melhor resultado. No entanto, para se tornarem mais inovadoras, as empresas e seus arquitetos também precisam adotar uma abordagem mais “divertida”. Eles precisam pensar fora da caixa do seu mundo coeso e estruturado para descobrir ideias e soluções verdadeiramente criativas.

Adotando uma Visão de Fora-para-Dentro ou de Dentro-para-Fora

Muitas vezes vemos que arquitetos têm uma visão de “dentro para fora” da empresa e raramente são envolvidos nas discussões mais estratégicas em relação à direção da empresa. Tais discussões são usualmente muito mais focadas no ambiente da empresa e na sua própria posição dentro dele.

Então, em adição a uma visão de dentro para fora, os arquitetos precisam desenvolver visões de fora para dentro e de fora para fora. Com uma visão de fora para dentro, você olha para a sua empresa a partir de uma perspectiva do seu ecossistema de clientes, parceiros e outras partes interessadas, e adapta os seus resultados de negócio para as suas necessidades e desejos em constante mudança.

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Visão de Ecossistema

Com uma visão de fora para fora, você vai além deste escopo e também olha para clientes, parceiros e competidores potenciais (e, possivelmente, desconhecidos), tecnologias disruptivas e outros desenvolvimentos que possam orientar a mudança e a inovação. Mais ainda, uma empresa verdadeiramente inovativa não apenas se adapta ao seu ambiente mas também influencia aquele ambiente em função dos seus próprios propósitos. Ela cria mudanças disruptivas por si mesma através de estratégias de oceano azul que resultam em mercados e ecossistemas completamente novos.

Com a sua ampla compreensão das interconexões e dependências dentro e fora da empresa, os arquitetos podem desempenhar um papel fundamental na formatação da mudança. Suas técnicas e instrumentos não são limitados às fronteiras da empresa, elas podem ajudar a entender e desenhar ecossistemas completos. Desta forma, a arquitetura corporativa pode servir como uma verificação de viabilidade sobre novas ideias de negócio. Mais ainda, ela pode ajudar a estruturar a sua empresa – desde as capacidades e processos de negócio até a TI e outras tecnologias – para a máxima agilidade de negócio, para ajudar a responder rapidamente às novas oportunidades.

Processos e Resultados Ágeis

Maximizar a agilidade do negócio não é apenas uma questão de ter um processo de arquitetura e de desenvolvimento ágil; isso é apenas o mínimo necessário. Você também deve prestar atenção à agilidade daquilo que é criado naquele processo. Com bastante frequência, temos visto equipes ágeis individuais criarem resultados logicamente ótimos que se tornam parte de uma rede cada vez mais complicada de dependências. Estas dependências tornam progressivamente mais difícil implementar mudanças maiores, porque muita coisa precisa mudar em sincronia. Vejam o emaranhado de microsserviços e APIs com o qual muitas organizações lutam hoje em dia.

A arquitetura corporativa é a chave para manter esta complexidade sob vigilância. Ela ajuda no planejamento para futuras mudanças pela promoção de capacidades de negócio e de TI autônomas com o mínimo de dependências.

Isso não implica na maneira de trabalho clássica, de cima para baixo, em cascata, com um grande desenho detalhado antecipado. Ao invés disso, a Arquitetura Corporativa fornece os balizamentos para a inovação local pelas equipes ágeis, resultando em um resultado coerente, adaptável e resiliente.

Envolvendo Todo Mundo

A inovação não é apenas algo para os especialistas do negócio, arquitetos, desenvolvedores de software e outros com um papel designado no processo de mudança. Como discutimos em uma postagem anterior a respeito da consumerização da arquitetura corporativa, nós vemos uma profunda mudança acontecendo: a arquitetura corporativa está se tornando o tecido de conexão entre os diferentes tipos de mudança, ao invés de uma disciplina operacional de alto nível e de cima para baixo. Ela pode fornecer, para toda a organização, percepções e instrumentos necessários para realizar as mudanças locais e globais. Isso significa que todo mundo pode ter, de alguma forma, um papel na mudança da empresa, de forma que todos se tornam arquitetos.

Naturalmente, isso não significa que os arquitetos corporativos não são mais necessários. No entanto, seu papel se transformará. Ao invés de serem “multi-desenhistas”, eles se tornarão progressivamente administradores das mudanças. Eles ajudarão os outros a melhorar e inovar a empresa, enquanto preservam a coerência e a qualidade da arquitetura de forma que ela ofereça suporte ótimo para a mudança, hoje e no futuro.

Mais ainda, os arquitetos precisam olhar de forma diferente para a inovação e para a mudança em si. A ideia de um estado atual fixo (“linha de base”) e um estado desejável futuro (“alvo”) não mais se aplica: o estado atual está sempre em movimento e o estado futuro é um alvo móvel. Algumas vezes, os arquitetos por si mesmos serão os inovadores. Mais comumente, no entanto, eles criarão as condições certas para a inovação por meio da criação de um ambiente no qual a mudança é fácil e todos podem contribuir.

A mudança é um negócio diário. A mudança é trabalho de equipe. A mudança veio para ficar.

* Mark Lankhorst é Gerente de Consultoria & Evangelista-Chefe de Tecnologia da Bizzdesign, empresa líder em ferramentas para modelagem da arquitetura corporativa, representada no Brasil pela Centus Consultoria.

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